Eu sempre me doo por inteira, seja para me doar, seja para me doer. Meu coração sempre vence, coloca a razão para escanteio, logo ela a quem eu deveria colocar muito mais para jogo. E aqui estou eu de novo, me doendo por erros que não são meus, e lidando com as consequências de escolhas alheias, mas que me envolveram dos pés à cabeça.
Eu sou mesa posta, banquete e conheço bem a delícia de ser quem sou. Mas eu quero mesmo é ser menos permeável, menos atingível. Quero algo que me distraia da dor que também é ser eu, qualquer coisa que me distraia de mim. Quem foi que colocou o mundo no mudo? Ou são os meus pensamentos que estão fazendo muito barulho?
Olho para dentro e tenho visto tantas cicatrizes antigas, tanta coisa que eu dava por resolvida, mas que me parecem tão diferentes agora. Eu me sinto a minha própria Pandora. E, apesar das marcas na minha história, por sorte ou valentia, a minha esperança - no amor e na vida - segue sã e salva.
Gabriela Castro