Mais um texto para ela

Dezesseis anos é muito tempo, mas dez é mais. E, quanto mais anos vierem, nunca me serão suficientes para que eu me acostume com essa vida sem você por perto. Menos ainda, para me fazer esquecer aquele abraço, que tinha o poder de minimizar qualquer problema ou aquele beijo, que curava as dores do meu mundo. Nem do vento que entrava pela porta do meio, da cama pequena, da Sapeca, da Sofia, das orações no rádio, do altar particular, do beijo de boa noite, das musiquinhas de infância, da mina, das novelas mexicanas, dos cachorros-quentes, do coral e dos seus dedos sempre apontando para Deus. 

Eu sinto falta disso tudo e eu queria voltar para casa. Eu sinto falta disso tudo e de todas as coisas que não pudemos viver juntas. Tempo nenhum apagará as suas sábias palavras, que acalentavam o coração e costuravam amenidades na nossa adorável rotina. Deus sabe como a rotina ainda me salva de mim.  Deus sabe que eu aprendi a aceitar essa distância, embora eu não me habitue. Meu coração não sabe explicar como o vazio de uma ausência consegue ocupar tanto espaço na vida. Ele só sente. E é só saudade. 

Paz e bem!