À minha mãe


Há dias em que o sapato aperta mais, em que a ferida sangra um pouco mais e isso me faz perceber toda essa finitude de que somos feitos. Numa sucessão de ventiladores, tensão, remorso, piedade, telefones mudos e morte, eu descobri que sou toda torpor desde então. Uso de sentimentos pra me enfeitar, invento dores pra poder chorar e elejo amores pra me dedicar. E essas lembranças não podem aparecer assim, sem prévio aviso só pra mostrar que sobra tanta falta. Uma dose de adrenalina pra agitar meus pés dormentes, por favor. Para me lembrar que viver é tudo, que a vida é curta demais, que não dá pra adiar, que devemos nos permitir e, por vezes precisamos perdoar a nós mesmos. Eu escrevo isso tudo pra eu mesma me convencer e para gravar letra a letra na minha alma e seguir à risca, porque muitas vezes eu finjo que acredito que não sinto tanta falta. Todo o tempo, na verdade.





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Seja mais humano!



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Paz e Bem!
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3 comentários:

Vera disse... Responder

"Ser mais humano, demasiadamente humano".

Poucas pessoas estão dispostas a correrem este risco. Sapatos apertados, exposição dos sentimentos, tudo isso nos deixa vulneráveis. Mas, em troca, crescemos muito com esta mudança.

E aí, que tal tirar os sapatos? =))

Beijnho.

Solange Maia disse... Responder

Se pudesse estenderia meus braços a você agora... e te daria um longo abraço de mãe....

Entendo suas palavras...

Beijo carinhoso,

Solange

http://eucaliptosnajanela.blogspot.com

Silvana Alves disse... Responder

chorei ao ler...
ainda tenho minha mãe.
mas, perdi minha avó e meu namarado, um seguido de outro, e não sei esquece-los...
paz pra vc, pra mim e pra eles...
fique com Deus

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