Que saudade daquele tempo que eu não precisava saber de nada. Quando piscina era banho de bacia que me bastava. Eu era a moranginho que ficava a uns pés sentada ouvindo o tocar do violão. De quando com o tubo de caneta fazíamos bolinha de sabão. Saudade dos banhos de chuva na quadra, e dos barquinhos de papel que a água levava. De fazer bolinho e de levar bolinho. De fazer jogo de mãos com as amigas. De entrar na corda ao contrário pra pular. De sombrear na parede imagens feitas com as mãos. De fazer e adivinhar mímicas. Das férias em Bertioga quando caminhávamos a beira mar ao entardecer, e sempre acabávamos mergulhando de roupa e tudo. De fazer casinha embaixo da mesa e morar mesmo que por meia hora. De me esconder atrás da cortina quando meu pai chegava e esquecer os pés pra fora. E de embrulhar as próprias coisas da minha mãe, dar a ela de presente e esperar pra ver a cara de supresa que ela sempre fazia. De andar na minha bicicleta vermelha e carregar meu cachorrinho de pelúcia. De fugir de casa e voltar no outro instante.De fazer vasinhos com jornal e árvores de natal de garrafas pet para as aulas de artes. De quando bagre era um peixe enorme e quando achava que conseguiria plantar uma simples flor sem raiz apanhada de um jardim qualquer. De descer morro gramado escorregando num pedaço de papelão, ou descer a escada da vovó em cima de um colchão. De ver nascer a plantinha do feijão plantado no algodão. De quando balançar na rede era divertido. De pirulito que virava helicóptero. De ir fantasiada pra matinê e comer ruffles com guaraná. De trepar na goiabeira da casa da vovó e tomar banho na mina. De montar quebra-cabeças e tomar todo domingo sorvete atrás da igreja. Procurar ovos de páscoa escondidos pela casa. Abrir os incontáveis presentes de natal. Maça de amor em dia de finados e de quando ir ao cemitério era normal. Roda gigante na festa da igreja e balão de gás hélio. De ser levada pelo meu avô dentro de um carrinho de madeira feito por ele. Dar tchau pra nave Xuxa quando ela se despedia da terra. E de quando a paquera não tinha a menor obrigação de acontecer. De fazer bola de chiclete e preencher albúm com as figurinhas que vinham na embalagem. De em dias nublados desenhar um sol no chão, com tijolo de construção para ele aparecer. Saudade da nossa casinha apertada, e da vida que a gente levava. De quando maldade pra mim era arrancar folha de árvore e de quando eu nem sequer sabia ainda o significado da palavra saudade.


*

Tempo bom que não volta mais (...)

Essencial é ser parte de um todo e ter personalidade própria, é ser original e chamar a atenção sem precisar gritar. (desconheço a autoria)



Eu estou exatamente onde Deus quer que eu esteja!

Paz e Bem!


Ouvindo: Chico Buarque

2 comentários:

Aline Pará disse... Responder

Cara nova .com

Unknown disse... Responder

ai ai...que saudade de tudo isso, quanta coisa boa...Rs

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Bem-Me-Quer, Mal-Me-Quer

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